15 de dezembro de 2008

[R]evolução Energética estimula criação de relatórios de cenários regionais

O cenário europeu projeta o crescimento da capacidade instalada de energias renováveis em seis vezes até 2050. A energia eólica e os painéis fotovoltaicos responderão a mais de dois terços deste total, complementado pela geração hidrelétrica, co-geração a biomassa, geotérmica e solar concentrada. Em comparação ao cenário de referência, a redução da demanda por eletricidade por meio de medidas de eficiência energética será superior a 30% em 2050.

O lançamento do [R]evolução Energética Europeu, na semana passada, aconteceu em um momento extremamente favorável para a energia eólica. O governo da Bélgica propôs aos governos da França, Alemanha, Holanda e Luxemburgo a construção de uma rede elétrica interligada entre os países a fim de atender a futura geração eólica no Mar do Norte. A idéia foi fortemente embasada pelo relatório Revolução Elétrica do Mar do Norte, lançado em setembro pelo Greenpeace Internacional. A cooperação deve ser estendida ao Reino Unido, Irlanda, Dinamarca e Noruega.

Enquanto isto, na Espanha, foi registrado um novo recorde para a geração eólica: a cobertura instantânea de 43% da demanda elétrica nacional, com 9253 MW funcionando simultaneamente. Para efeito de comparação, a média anual da energia eólica é de 11% de atendimento da demanda elétrica. Segundo estudo econômico recente, a capacidade instalada de 15.145 MW já rende uma contribuição de 2 bilhões de euros ao PIB do país, gera 37 mil empregos e evita a emissão de 18 milhões de toneladas equivalentes de carbono por ano.

O Japão também lançou, no final de novembro, sua versão do [R]evolução Energética. Nele, é proposta a substituição da notável geração nuclear em sua matriz elétrica por uma combinação entre a utilização de medidas de eficiência energética e o emprego de energias renováveis.
O estudo projeta uma matriz elétrica composta por 60% de energias renováveis em 2050. De um total de 205 GW, a energia solar de painéis fotovoltaicos responderia por 95 GW, seguida pelas gerações eólica (31 GW) e hidrelétrica (25 GW). A eficiência energética tem um papel chave no cenário: medidas de eficiência como o uso de coletores solares, substituição de equipamentos elétricos e co-geração cortarão pela metade tanto a demanda por eletricidade quanto o crescimento anual da demanda primária de energia até 2050. Como resultado, a emissão de gases de efeito estufa devem cair 26% até 2020 e 77% até 2050.

“Os fatos recentes na Europa comprovam que os números da revolução energética podem ser concretizados na prática. A geração eólica é extremamente confiável e traz benefícios ambientais, sociais e econômicos inegáveis. Mesmo países como o Japão, dependentes da geração fóssil e nuclear, mostram que há alternativas mais limpas, seguras e econômicas, como comprova o cenário”, analisa Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil.

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Relatório [R]evolução Energética