29 de outubro de 2007

Porto Alegre fecha as portas para madeira ilegal da Amazônia


José Fogaça, prefeito de Porto Alegre (RS), visita exposição sobre a destruição da Amazônia, antes de assinar decreto que exige comprovação de origem legal para a madeira usada em obras públicas na cidade.


Porto Alegre (RS), Brasil — Fogaça assina decreto vetando madeira sem documentação de origem nas obras da prefeitura e visita exposição sobre o desmatamento e as queimadas na floresta.


O prefeito José Fogaça assinou nesta terça-feira o decreto que estabelece critérios para a compra de madeira pelo poder público municipal, obrigando que toda madeira comprada pela prefeitura ou utilizada em obras e serviços públicos tenha comprovação de legalidade de origem. Com o decreto, Porto Alegre passa ser a capital de estado mais avançada entre os participantes do Programa Cidade Amiga da Amazônia, do Greenpeace.


"Porto Alegre é uma cidade que tem a questão ambiental como prioridade, e o programa Cidade Amiga é um exemplo disso", disse o prefeito durante a solenidade, que contou com a presença de ativistas e voluntários do Greenpeace.


O diretor de Políticas Públicas do Greenpeace, Sergio Leitão, ressaltou que a cidade dá um exemplo ao país e às demais capitais brasileiras sobre a importância da preservação da Amazônia. O programa foi concebido há dois anos e conta com a adesão de 35 municípios e do estado de São Paulo. No Rio Grande do Sul, além da Capital, São Leopoldo, Santa Maria, Rio Grande e Cachoeirinha também aderiram ao Cidade Amiga da Amazônia.


A assinatura do decreto acontece uma semana depois de membros da ONG terem sido mantidos em cárcere privado na localidade paraense de Castelo de Sonhos, no município de Altamira, e impedidos por madeireiros de transportar uma árvore queimada que faria parte de uma exposição em várias capitais do país, sob a alegação de que isso iria prejudicar a imagem da região.


O Greenpeace transportava, com autorização do Ibama, uma tora de castanheira que tombou como resultado de uma queimada criminosa feita este ano em terras públicas da União. “Fomos impedidos de sair do Pará com uma castanheira autorizada legalmente, enquanto o fluxo de toras extraídas de forma ilegal e predatória ainda acontece para fora do estado rumo ao sul do país e ao exterior”, diz Márcio Astrini, representante do Programa Cidade Amiga da Amazônia.


“Esse lamentável incidente demonstra que a presença do governo na Amazônia ainda é frágil. Os novos sistemas de controle ainda não garantem a procedência legal da madeira, obrigando que as prefeituras que consomem madeira em outras regiões do país tomem medidas para evitar que suas cidades sejam cúmplices da devastação”, complementa Astrini.


Quem passou em frente à prefeitura esta tarde também teve a oportunidade de manifestar sua indignação e exigir do governo federal, por meio de um abaixo-assinado, o fim do desmatamento da Amazônia. Dois painéis gigantes de imagens da queima de florestas e de impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura sulista foram exibidos pelos voluntários do Greenpeace.


A atividade é parte da exposição ‘Aquecimento global: apague essa idéia’, que a organização realiza nas próximas semanas também em Manaus, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Brasília. O objetivo da mostra é levar aos moradores de grandes centros urbanos do país a realidade do desmatamento da Amazônia e seus impactos diretos no clima das demais regiões do Brasil. Na segunda-feira, o Greenpeace solicitou nova autorização ao Ibama para transporte da tora, que deveria ser exposta nas capitais paulista, fluminense e no Distrito Federal.


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greenpeace.org.br

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